MALPIGHIACEAE

Byrsonima coccolobifolia Kunth

Como citar:

Diogo Marcilio Judice; Tainan Messina. 2012. Byrsonima coccolobifolia (MALPIGHIACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

6.087.566,252 Km2

AOO:

1.768,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie de ampla distribuição ocorre nos Estados de Roraima, Amazonas, Tocantins, Bahia, Sergipe, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná (Mamede, 2010). Há registros de sua ocorrência também para a Bolívia, Venezuela e República Cooperativa da Guiana (Benezar; Pessoni, 2006).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2012
Avaliador: Diogo Marcilio Judice
Revisor: Tainan Messina
Categoria: LC
Justificativa:

?Apesar de apresentar diversos usos, <i>B. coccolobifolia</i> ocorre em inúmeras unidades de conservação (SNUC) e suas subpopulações têm se mantido estáveis ao logo dos anos. A espécie é muito abundante em diversas áreas de ocorrência, ocorrendo com grande frequência. Foi categorizada como "Menos preocupante"<i> </i>(LC).

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Byrsonima coccolobifolia é uma espécie arbórea, atingindo 3-4 m de altura quando adulta. Apresenta folhas pouco pilosas e rosadas quando jovens, tornando-se glabras posteriormente, com nervuras rosadas em algumas plantas. Suas flores são de coloração rosa pálido e seus frutos amarelos, quando maduros. Possui o epíteto coccolobifolia por possuir folhas semelhantes à da Coccoloba (Silva Jr., 2005).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Ratter et al. (2003), analisando a composição florística de 376 áreas de Cerrado, registraram a presença de B. coccolofifolia em 65% das áreas amostradas. Esta espécie é amplamente distribuída tanto nas áreas de Cerrado quanto nas manchas savânicas da Amazônia, tendo sido uma das 25 espécies mais frequentes do Distrito Federal (Felfili et al., 1992), possuindo subpopulações médias de 14 a 18 ind./ha em 10 ha de Cerrado sensu stricto. Frequente também em áreas vizinhas em Goiás, bem como no sul e no centro de Minas Gerais. Foram estudadas 2700 plantas na APA (Higgins, 2007) na Reserva Ecológica do IBGE, dentro da APA Gama-Cabeça de Veado, Brasília, DF.Em Gerais de Balsas, MA, foram estimados 221 ind./ha com um aumento populacional observado entre os anos de 1995 e 2002 de aproximadamente 16% (Aquino et al., 2007).Foi estimada em 290 ind./ha no Parque Estadual do Cerrado, Jaguariaíva, PR (Uhlmann, 1998), onde foi a espécie de maior importância ecológica; 100 ind./ha Borda Oeste do Pantanal, Corumbá/MS; 100 ind. em área de Cerrado em Itirapina, SP (Salomão et al., 2006); 84 ind./ha Brotas, SP (Durigan et al., 2002);73,3 ind./ha, na Fazenda Caracaraizinho e 76,7 ind./ha Fazenda Fortaleza, RR (Barbosa et al., 2005); 61 ind. em (DR:4,76%) Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garças, MT (Barbosa, 2006); 17 ind. (DR: 1,8) Reserva Municipal Mário Viana, Nova Xavantina, MT (Marimon Jr.; Haridasan, 2005); 13,3 ind./ha Abaeté, SP (Saporetti et al., 2003); 12,5 ind./ha no norte de Goiás e Sul de Tocantins (Felfili; Fagg, 2007); 11 ind./ha Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (PESCAN), GO (Carvalho, 2010); 6 ind./ha Brotas, Estado de São Paulo (Gomes et al., 2004); sete ind. (FR: 1,1%) na Reserva Ecológica do IBGE, DF, Brasil (Medeiros; Miranda, 2005); 4 ind./ha na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Santo Antônio do Leverger, MT (Borges; Sheperd, 2005); 2 ind./ha Carolina, MA em estudo de Área de Influência Direta (AID) da Usina Hidrelétrica de Estreito, construída entre os Estados do Tocantins e Maranhão (Medeiros et al., 2008).

Ecologia:

Biomas: Amazônia, Cerrado (Mamede, 2010)
Fitofisionomia: Ocorre em áreas de Cerrado sensu stricto, campos e Cerradão (Silva-Jr., 2005).
Detalhes: Árvore de 3-4 m de altura e 25 cm de diam. sem exsudação ao se destacar a folha, rutudoma acinzentados com fissuras e cristas descontínuas, com aspecto quadriculado. Flores róseas (Silva-Jr., 2005), frutos do tipo nuculânio, globosos, laranjados (Kutschenko, 2009; p. 60). B. coccolobifolia é uma planta decídua com pico de perda das folhas no mês de agosto (fim da estação seca no Cerrado) e o de produção foliar, em outubro (início das chuvas) (Higgins, 2007). Possui nome popular de "murici-rosa" (Silva-Jr., 2005). As sementes possuem taxas baixas de germinação. A imersão em ácido giberélico, por 24h, aumenta esta taxa (Silva-Jr., 2005).

Ameaças (1):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Habitat Loss/Degradation (human induced) high
Pressão exercida sobre os Cerrados em afloramentos rochosos pela mineração de rochas para construção civil (Moura et al., 2007), fragmentação e degradação ambiental no Cerrado do Estado de São Paulo (Teixeira et al., 2004; Carvalho et al., 2010) No Cerrado do Estado do Mato Grosso são ameaças a expansão das fronteiras agrícolas, aliada ao baixo percentual de áreas protegidas por unidades de conservação (SNUC) de uso restrito, o que tem levado a uma redução à sua área de ocupação (Lehn et al., 2008). A expansão agrícola é uma ameaça também do Cerrado de Goiás (Amorim, 2009). Linsingen et al. (2006) relatam que devido aos processos de ocupação e exploração, a vegetação de cerrado no Paraná foi substituída por monoculturas e os relictos, em forma de remanescentes esparsos os quais são inúmeras vezes perturbados pelo fogo, pecuária ou pela retirada seletiva de madeira.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.2.1.3 Sub-national level on going
Considerada "Rara" (RR) pela Lista de Espécies Ameaçadas do Paraná (SEMA/GTZ-PR,1995).
Ação Situação
4.4 Protected areas on going
Presente em áreas protegidas como APA Estadual do Rio Pandeiros, MG (MGBiota, 2009); Parque Estadual do Guartelá, Tibagi, PR (Ritter; Moro, 2007); Parque Estadual do Cerrado, Jaguariaíva PR (Linsingen et al., 2006); Parque Estadual dos Pirineus, GO (Batista et al., 2007; Moura et al., 2007); Parque Municipal do Bacaba, Nova Xavantina, MT (Silverio; Lenza, 2010); Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garças, MT. (Barbosa, 2006); RPPN EPDA Galheiro, Perdizes, MG (Cardoso et al., 2003); Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (PESCAN), GO (Carvalho, 2010); Parque Estadual do Mirador, MA (Conceição et al., 2011); Reserva Ecológica do IBGE, DF (Medeiros; Miranda, 2005).

Ações de conservação (4):

Uso Proveniência Recurso
Alimentício
Em Roraima, os frutos de B. coccolobifolia são explorados de maneira extrativista por populações tradicionais (indígenas e não indígenas), para serem empregados no preparo de sucos e refrescos. Regionalmente esta espécie é denominada de "murici" e ocorre associada a B. crassifolia L., que é sempre mais abundante, porém apresenta frutos menores e é designada de mirixi (Silva-Jr., 2005).
Uso Proveniência Recurso
Bioativo
Algumas de suas propriedades medicinais foram avaliadas por Alves et al.(2000), que comprovaram atividade moluscocida contra Biomphalaria glabrata, e bactericida para Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e Pseudomonas aeruginosa (Benezar; Pessoni, 2006).
Uso Proveniência Recurso
Alimentício
Em Roraima, os frutos de B. coccolobifolia são explorados de maneira extrativista por populações tradicionais (indígenas e não indígenas), para serem empregados no preparo de sucos e refrescos. Regionalmente esta espécie é denominada de "murici" e ocorre associada a B. crassifolia L., que é sempre mais abundante, porém apresenta frutos menores e é designada de "mirixi".
Uso Proveniência Recurso
Energia e Combustíveis
Sua madeira é empregada como lenha (Silva-Jr., 2005).